PEDRO REBELO DE SOUSA

Em 1968 Baltazar Rebelo de Sousa realiza uma série de intervenções no início do seu mandato como Governador Geral de Moçambique sob este título bem sugestivo: "Grande Terra, Grande Gente".Com ele deixou gravado no coração da nossa família um amor especial por esse país.

Independentemente de percursos nem sempre convergentes quanto aos desígnios das populações e da história, existe entre Portugal e Moçambique algo que ultrapassa os argumentos meramente racionais. Apesar da influência sul-africana, das atividades da beligerância pré e pós independência e de tantas outras contingências, o potencial socioestratégico de Moçambique enquanto corredor territorial e plataforma da África Oriental no Índico, aliado às muito relevantes riquezas energéticas, agrícolas e turísticas, torna esse nosso país irmão num protagonista de relevo no mundo da Lusofonia e do xadrez da África Austral.

Numa outra dimensão, Portugal e a sua área marítima continental funcionam como eco de um devir equivalente ao de plataforma singular no hemisfério do Atlântico Norte, verdadeira face de uma Europa, ora com um repto de busca de um modelo institucional mais estabilizado ora de um equilíbrio entre aquele continente e o americano, onde a Lusofonia (et pour cause com o Brasil) joga um papel essencial.

Com o legado de gerações que acabam partilhando raízes socioculturais muito diferenciadas e a presença que não representa pretensões de domínio ou influência equiparável à da esmagadora maioria das economias que investem em Moçambique,

Portugal quer que o seu contributo, na afirmação do almejado desenvolvimento de Moçambique, justifique o quanto acabou por aí deixar a sua presença impregnada. Impregnada na língua e no sistema jurídico nesse país de múltiplas etnias e em outros sectores, como o financeiro, onde os portugueses dão o seu contributo diário ao fortalecimento do tecido empresarial moçambicano.

É este desígnio que a Câmara de Comércio Portugal-Moçambique (CCPM) pretende servir, com respeito por um legado pretérito que potencia um relacionamento crescentemente mais expressivo no âmbito de uma Lusofonia que nos confere a diferenciação que o séc. XXI tanto exige.

Para isso contamos servir a Grande Terra e a Grande Gente de Moçambique na sua relação fraterna com Portugal.

Pedro Rebelo de Sousa | Presidente do Conselho Geral da CCPM

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